Desenvolvido, também, com contribuições do INPE e CEBIO, o projeto reúne dados das condições climáticas da safra atual e análises de pesquisadores dos centros e institutos de pesquisa.
O pesquisador Fernando Cabral destaca o processo de construção do SIAG e de suas funcionalidades.
Na sexta-feira, 19 de janeiro, o Centro de Excelência em Agricultura Exponencial e o Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (CEMPA-Cerrado), com as participações do Centro de Excelência em Bioinsumos (CEBIO) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apresentaram o SIAG e o seu relatório de informações agrometeorológicas. Os dados foram coletados por uma rede composta por nove Estações Meteorológicas Automáticas (EMA) distribuídas estrategicamente nas propriedades rurais de parceiros do projeto localizadas no sudoeste goiano. A apresentação foi o tema principal da primeira edição do evento “Produtor & CEAGRE”, e teve a presença de agricultores da região, empresas do agro, veículos de comunicação e representantes das instituições envolvidas.
O Sistema de Informações Agrometeorológicas para o Sudoeste do Estado de Goiás (SIAG) é uma ação coletiva dos centros de excelência fomentados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), chefiada pelo CEAGRE e o CEMPA. O intuito do projeto é implementar e desenvolver o crescimento de uma rede de coleta de dados climáticos. Em seu estágio inicial, o sistema foi direcionado para a região sudoeste do estado, com a participação de uma equipe multidisciplinar de pesquisadores, visando o desenvolvimento de análises dos impactos do clima em diferentes áreas, como: agrometeorologia, fisiologia vegetal e combate de pragas.
O prof. Angel Domínguez Chovert, vinculado ao CEMPA e o CEAGRE, destaca que o relatório e o SIAG são grandes aliados dos produtores rurais e dos meteorologistas neste segmento. Por meio de um projeto como este, o pesquisador acrescenta que, “O sistema permite fazer o monitoramento das características reais da região e como isso impacta as condições de tempo e atmosfera.”. Os dados regionais e aqueles coletados em um aspecto global pelas estações de órgãos parceiros, contribuem para que os estudos feitos tenham uma maior precisão. Desta forma, o trabalho em conjunto com os nove agricultores que receberam as estações meteorológicas automáticas do CEAGRE, foi fundamental para a assertividade das previsões. O agrometeorologista ressalta este ponto, complementando, “Isso foi possível pela retroalimentação que temos dos diferentes produtores, uma vez que não temos uma alta densidade de estações na região.”.
O prof. Angel explica remotamente os detalhes do relatório SIAG e as condições de suas previsões climáticas para o público de produtores rurais de Rio Verde (GO).
Em pleno funcionamento desde agosto de 2023, o SIAG permitiu o desenvolvimento de análises com dados precisos de variações de precipitação, temperatura, umidade e vento do sudoeste goiano. Analisando o cenário, Angel também detalha as características climáticas identificadas para a safra 2023/2024, “Um período com déficit hídrico, com uma quantidade de precipitação abaixo do esperado e com uma distribuição pouco heterogênea.”. Portanto, o relatório registra que houve um aumento substancial da temperatura na região em relação ao seu valor médio histórico, e também, uma redução da precipitação, dois aspectos cruciais para as lavouras.
Dentre as diversas vantagens e funcionalidades que o SIAG oferece aos produtores rurais, ele destaca o trabalho exclusivo da equipe de pesquisadores envolvidos neste projeto de caráter estadual. Em sua fala, o pesquisador explica que essa união é a chave central do sucesso do SIAG, “Ter um conjunto de pessoas, dedicado a uma região relativamente pequena, tentando entender o impacto real que fatores como, topografia, localização de corpos de água, tipos de cultivo, período da safra, desenvolvimento do cultivo, uso de solo e tipos de vegetação, é algo extremamente importante".
Graças aos dados coletados, e à participação de colaboradores científicos de diversas áreas, o relatório SIAG traz, também, informações pertinentes aos riscos fisiológicos que a safra 2023/2024 tem enfrentado. O pesquisador do CEAGRE, Adinan Alves, especialista em fisiologia vegetal, aponta que, “Os extremos climáticos estão ficando cada vez mais intensos e frequentes. Secas e ondas de calor são dois fatores ambientais que ameaçam a agricultura tropical, uma vez que possuem grande impacto negativo no crescimento e produtividade das culturas.”. Desta forma, as culturas da região têm enfrentado uma série de estresses abióticos, diante destes desafios, o SIAG e o relatório atuam como aliados dos agricultores, conforme descrito pelo biólogo, “Ele permite que o produtor antecipe medidas preventivas de manejo, como a aplicação de produtos que melhorem o desempenho fisiológico das plantas diante de estresses como seca, alta temperatura e excesso de radiação luminosa.”.
Durante o evento, Adinan explica sobre os impactos das mudanças climáticas no desenvolvimento de medidas preventivas, destacando o SIAG e os seus dados.
Além do caráter científico, o projeto pauta-se na divulgação das informações adquiridas e estudos desenvolvidos pelos pesquisadores, por meio de um grupo no aplicativo WhatsApp, chamado “SIAG”. Aberto a toda comunidade de produtores da região, o pesquisador Fernando Cabral e líder desta ação, diz que o grupo possui cerca de 400 produtores, e de jornalistas do agronegócio vinculados a veículos de comunicação proeminentes neste mercado. A iniciativa é uma estratégia de democratização do acesso dos agricultores à dados científicos pertinentes às suas lavouras, contribuindo para que estes possam ter uma noção mais aprofundada sobre as mudanças climáticas e os seus impactos nas safras. Estas informações também são difundidas na forma de postagens nos perfis do CEAGRE no Instagram, Facebook e LinkedIn, atingindo uma presença digital importante para integrar a sociedade nessas ações.
A expectativa para 2024 é que a rede do SIAG siga crescendo exponencialmente, com a adesão de mais produtores e a instalação de novas estações meteorológicas para reforçar a coleta de dados, que alimenta os estudos e previsões desenvolvidas pelos pesquisadores. Em sua fala, o prof. Alan Carlos da Costa, Diretor Geral do CEAGRE e Pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do IF Goiano, destacou a importância do SIAG, um projeto desenvolvido em parceria pelos centros de excelência da FAPEG e que está a disposição de agricultores, veículos de comunicação e a sociedade como um todo.
Para baixar o Relatório Agrometeorológico do SIAG, basta acessar este link e conferir as informações e análises dos pesquisadores do IF Goiano, UFG (Universidade Federal de Goiás) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Autoria: Ícaro Lunas, Bolsista de Comunicação.
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